domingo, 6 de junho de 2010

M.E.C. escreve sobre Postcrossing

Depois da reportagem de ontem no jornal Público sobre Postcrossing, foi a vez de Miguel Esteves Cardoso escrever um pequeno texto sobre o nosso hobby.
Fica aqui o texto intitulado FEITO À MÃO.

Depois de ler a reportagem de Maria João Lopes sobre o postcrossing no Fugas de ontem fiquei logo com vontade de mandar um. Pela primeira vez na vida.
Até tenho postal e tudo. Comprei-o porque me fez rir. A imagem, dos anos 60, mostra dois Fiats 127, um azul-claro e o outro creme, a atravessar a ponte sobre a ribeira de Colares. Nunca lugar tão bonito, a Várzea de Colares, foi transformado, por via fotográfi ca, em cenário tão desolado. Felizmente está mal identifi cado no verso.

Aquela fealdade é atribuída à PRAIA DAS MAÇÃS, em maiúsculas. Só por baixo, em letra muito pequena, vem o nome da freguesia, Colares. Por baixo vem a tradução francesa, Colliers e, noutra linha, a inglesa: Necklaces. Apesar de fazer parte da colecção Portugal Turístico (o logótipo é um trevo de quatro folhas), o postal foi Made in Italy. É pois aos italianos que assacamos o ultraje.

Não é assim tão mau: acabamos por nos habituarmos a morar em Necklaces.
Quando fui colar o selo, lambendo-o conforme as normas do postcrossing, reparei que está lá escrito, em cinco línguas, La postal de la amistad. A versão inglesa continua a ser a mais fraca: The friendship post card que, em português significa, com ecos maçónicos, “a amizade põe um cartão no correio”.

A ideia é a mesma. É bom escrever à mão; lamber o selo; levar o postal ao correio, sabendo que levará tempo e chegará longe por mão de outra pessoa, às mãos de outra pessoa. E que pode ser lido por quem quiser.

in jornal Público (6.6.2010)

1 comentário:

  1. Descaradamente, copiei a crónica de Miguel Esteves Cardoso para ilustrar a minha homenagem ao 5.º aniversário do Postsrossing. Espero que não te importes :)

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